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Autista e surdo, jogador de 21 anos vira atleta profissional e estreia na elite do Cearense - Rádio Flash

Autista e surdo, jogador de 21 anos vira atleta profissional e estreia na elite do Cearense

Quando o futebol entrou na vida de Caio Pedro da Silva, um novo mundo começou a se formar. O jogador encontrou no esporte um espaço de inclusão, além da chance de melhorar as condições financeiras. Autista e com surdez nos dois ouvidos, o jovem de 21 anos, formado na base do Horizonte, virou peça fundamental no retorno do time à primeira divisão cearense em 2024.

Campeão da Série B do estadual ano passado com o Galo do Tabuleiro, o lateral-esquerdo tem Marcelo, do Fluminense, e Filipe Luís, ex-Flamengo, time do coração, como referências na posição. Nesta temporada, ele se profissionalizou. O Diário do Nordeste acompanhou um dia de treinamento dele no Estádio Domingão, em Horizonte, cidade da Região Metropolitana.

“18milhões de pessoas com deficiência (PCDs) no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada em 2022 pelo IBGE. Dessas, 1,2% apresenta dificuldade para ouvir, mesmo com uso do aparelho auditivo. Já os autistas são aproximadamente 2 milhões no país”, segundo estudo da OMS, publicado em 2010.

No último censo, o IBGE incluiu perguntas sobre o TEA pela primeira vez na história, com intuito de ter dados mais sólidos a respeito dessa população. No Ceará, a Secretaria de Saúde (Sesa), através da plataforma IntegraSUS, registra 10.780 pessoas no espectro autista, em 2024. Entre as características dessa neurodiversidade, estão as dificuldades de interação social e de comunicação.

Em 2023, o meia da seleção da Irlanda, James McClean, revelou estar no espectro. Caio tem limitações na fala, não usa aparelho auditivo e interage bem. Além de acolhimento, Tatiana encontrou no ambiente escolar a chance de integração e desenvolvimento do filho através do esporte. O primeiro contato com a bola veio com o futsal, nos projetos da escola.

“Quando entrou o futebol, aí ele melhorou. Até hoje é danado”, diz a mãe em tom de brincadeira.

Ela me ajuda muito. Sempre está no meu pé. Nunca deixa eu desistir”, ressalta o esportista.

O futebol com seus altos e baixos

O menino tímido cresceu e começou a atuar no Ajax da Vila, time da comunidade de Alto Alegre, bairro de Horizonte. Deixou as quadras para dar os primeiros passos rumo a profissionalização como jogador no campo. Chegou às categorias de base do Galo do Tabuleiro. Mas, sem espaço, quase deixou a carreira.

“Fui para o Sub-17 do Horizonte e não gostei muito. Saí, depois fui para o Sub-20, joguei a Copa Seromo (torneio de base). Em 2022, eu não queria jogar. Estava desanimado. Eu queria jogar sempre, mas queria desistir também. Em 2023, o Adriano foi à minha casa, o Vitão, o Júnior e o Zé Hamilton conversaram comigo e estou aí de novo. Agora estou feliz demais”, revelou Caio.

“Insisti, chorei. Mas, graças a Deus, né…”, diz a mãe enquanto olha o filho. “É gratificante fazer parte de um sonho dele”, completa Tatiana.

José Hamilton, tio e funcionário do Horizonte, que o levou para o futebol, ainda na adolescência. Antes de ser lateral, o atleta atuou como atacante, zagueiro e goleiro. A família grande é a torcida favorita dele. Na final da segunda divisão do estadual de 2023, quando o Galo derrotou o Icasa e conquistou o bicampeonato do torneio na Arena Romeirão, todo mundo se reuniu para torcer e comemorar.

O defensor conquistou espaço e saiu do banco para assumir a titularidade na campanha do título do Cearense. Foram 14 jogos, 12 no time principal. Ele marcou dois gols decisivos contra o Crato, na fase classificatória, e diante do Guarany de Sobral, no quadrangular final do torneio.

 

Fonte: Diário do Nordeste:/ Foto :- Crisneive Silveira

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